sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Imagens do futebol

Por falta de tempo para postar algo mais inteligente, vai umas fotinhas de futebol!

Me dá um abraço ai, vai!!!Tá grande o fuiu!

Viva!

o vôo da gazela

upa!




quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Peitinho...

Opa..
Bate aqui ..
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Peitinho!
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No buraco errado [música]

Huahuahuahuahua,

Excelente essa música, a letra é muito engraçada e até a melodia é bacaninha...

Assista, vc vai rir tbm...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Saramago fala sobre religião

Essa ateu fala, com bom humor [não sei se esse 'bom humor' é proposital], sobre a bíblia e a religião de forma geral.

Ele solta algumas pérolas inteligentíssimas...

Concordo com o velhinho!!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dalton Trevisan




Atrás da cortina, vigiando a rua, o contista se repete:


pobre Maria, pobre João que, em toda casa de Curitiba, se crucificam aos beijos na mesma cruz.









Mal a pobre se queixa:

- Ai, que vida infeliz.

Ele a cobre de soco e pontapé:

- E agora? Está se divertindo?

Apanha ela (grávida de três meses) e apanham as cinco pestinhas. Uma das menores fica de joelho e mão posta:

- Sai sangue, pai. Não como facão, paizinho. Com o facão, dói.

***

Reinando com o ventilador, a menina tem a falange do mindinho amputado.

Desde então as três bonecas de castigo, o mesmo dedinho cortado a tesoura.

***





Rataplã é o gato siamês. Olho todo azul. Magro de tão libidinoso. Pior que um piá de mão no bolso. Vive no colo, se esfrega e ronrona.

- Você não acredita. Se eu ralho, sai lágrima azul daquele olho.

Hora de sua volta do colégio, ele trepa na cadeira e salta na janela. Ali à espera, batendo o rabinho na vidraça.

Doente incurável. O veterinário propõe sacrificá-lo. A moça deita-o no colo. Ela mesma enfia a agulha na patinha. E ficam se olhando até o último suspiro nos seus braços. Nem quando o pai se foi ela sentiu tanto.

***

- Na cama o João vem pra cima de mim.

Uma transa lá entre ele e a minha perna. Não estou nem aí.

***


Tristeza é ver florindo o vasinho de violeta no quarto da filha morta.

***

Qual epopéia de altíssimo poeta se compara ao único versinho da primeira namorada:

- Que duuuro, João!

***

Qual o motivo, me diga, para matá-lo? Me presenteou uma camisola nova e samambaia. Ele me dava tudo, era cigarro era calcinha de renda. Depois fez o que mais gostava: as unhas do meu pé. Foi a noite da despedida.

Um amorzinho bem gostoso. O despertador marcando as cinco. O revólver ali em cima da mesinha. Dormi e sonhei com um rio de água negra me levando.

Ele acende a luz, antes do relógio tocar. Pergunta se o trato ainda vale. Respondo que sim. Se um não pode ser do outro, o jeito é pôr um fim em tudo.

Aponta no ouvido esquerdo, sorri para mim, aperta o gatilho. É a minha vez. O relógio dispara, um sinal de Deus. Vejo aquela sangueira, penso nos dois filhinhos. Não, a vida é boa.

***

Domingo, de volta do futebol, ele serve-se de uma cachacinha, liga o rádio.

- sabe, paizinho?

É o menino de seis anos, todo prosa.

- O que, meu filho?

- Essa a música que a mãe dança com o tio Lilo.

***

Durante quarenta anos, a cada sua tentativa dissimulada.

- Seja ridículo, velho – era a mulher contenciosa e iracunda. – Bigode? Não tem o que fazer?

Até que ela morreu. Contrariada de ir primeiro. Dias depois, os amigos dele já reparavam no bigodão em flor. Grisalho porém viçoso. Tudo o que fazer.

***

Dias das mães: quantos crimes literários, ai, mãe, são cometidos em teu nome!

***

O menino para a mãe:

- A vovó buliu no meu pintinho. Ela diz para não contar.

Essa não, meu Deus, pensa a nora, iluminada. Afinal eu entendi. Agora sei de tudo. O grande segredo do filho dela. Porque ele é assim... tão...

***

O primeiro marido tem dinheiro de sobra. E ela, uma vida regalada. Até o cara ser preso como traficante. O segundo marido ganha bem, mas judia dela. Arrasta pelo cabelo, morde, tira sangue. O terceiro, sargento reformado, é manso e quieto. Só que bebe até cair. Internando-o na clínica, ela recebe uma pensão.

Logo se amiga com o tipo mais novo. Não se droga, não fuma, não bate, não bebe. Mas também não trabalha. Daí ela visita o marido no asilo: “Deus te mandou, minha santa. Você veio me buscar”. Com dó, leva-o para casa e vivem os três da mesma pensão. O amante não está feliz, tem de dar banho e fazer a barba do sargento.

***

Ao chegar em casa, do programa no motel, o marido é saudado com um grito pela mulher:


- eu soube de uma coisa terrível!

Pronto, ele pensa, estou perdido. Ela descobriu tudo.

- Pô, o quê... Mas o quê... O que aconteceu?

- Mataram o filho do seu João!

- Urr... Orra. É mesmo? Pobre do seu João.

Te devo essa, Deus.

***

Na farmácia, a mocinha com o bebê no colo, apagando a voz:

- Uma caixa de pílula e um batom bem vermelho.

***


Dois inválidos, bem velhinhos, esquecidos numa cela de asilo.

Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um consegue espiar lá fora.

Junto à porta, no fundo da cama, para o outro é a parede úmida, o crucifixo negro, as moscas no fio de luz. Com inveja, pergunta o que acontece. Deslumbrado, anuncia o primeiro:

- Um cachorro ergue a perninha no poste.

Mais tarde:

- Uma menina de vestido branco pulando corda.

Ou ainda:

- Agora é um enterro de luxo.

Sem nada ver, o amigo remorde-se no seu canto. O mais velho acaba morrendo, para alegria do segundo, instalado afinal debaixo da janela.

Não dorme, antegozando a manhã. O outro, maldito, lhe roubara todo esse tempo o circo mágico do cachorro, da menina, do enterro rico.

Cochila um instante – é dia. Senta-se na cama, com dores espicha o pescoço: no beco, muros em ruína, um monte de lixo.

***

O velho em agonia, no último gemido para a filha:

- Lá no caixão...

- Sim, paizinho...

- ...não deixe essa aí me beijar.

***



O jantar para os dois casais amigos. Na parede uma das mulheres nuas de Modigliani.

Tanta festa, muito riso: o lombinho uma delícia. Até que um dos maridos:

– Essa moça do quadro. Ela sorri para você?

– É o meu consolo das horas mortas.

A dona acode, oferecida:

– Ela sou eu, não é, bem?

Um murro na mesa estremece prato e espalha talher:

– Ela é você? Quando você teve esse amor desesperado nos olhos? Esse perdão infinito na boca?

Outro soco espirra vinho tinto na toalha:

– Não se conhece, sua bruxa?


Bom dia!